A consciência nasce da inconsciência e não o contrário. Embora alguns possam alegar que ficamos inconscientes em uma série de circunstâncias que são posteriores à condição de consciência como em estados de sono, de desmaio ou de coma, a inconsciência é a origem e o fim de todo processo dissociativo, nascendo e morrendo no campo primordial do instinto universal.
O inconsciente é o estado primário da natureza em sua multiplicidade de manifestações de vida ao longo de 3,5 bilhões de anos terrestres, culminando no surgimento da criatura autorreflexiva que rompeu o oceano instintivo por volta de apenas 50.000 anos através do Homo sapiens. A experiência, portanto, antecede a explicação da experiência com o nascimento da atenção, da capacidade analítica, do pensamento simbólico, da habilidade de acumular conhecimento e da razão, sendo todos esses atributos elementos tardios no desenvolvimento da espécie humana. As experiências, em outras palavras, antecederam muito as teorias, sejam elas pela perspectiva antropológica ou pela perspectiva individual que todos nós experimentamos ao nascer, crescer e aprender neste mundo.
Apesar de saber que existem sinapses neurais e dinâmicas cerebrais muito específicas que correspondem com as nossas mais diversas experiências, não nos identificamos com essas explicações neurofisiológicas. Estas últimas advêm da observância objetiva de profissionais diversos estudando o cérebro de terceiros pelo lado de fora. Pelo lado de dentro, nós nos identificamos com sensações, percepções, sentimentos, emoções e pensamentos, sendo essa a nossa experiência direta com os aspectos qualitativos da experiência. E a experiência consciente faz fronteiras com a experiência inconsciente, sendo esta última muito mais velha, abrangente e poderosa do que a ponta do iceberg de nossa consciência.
As teorias, embora sejam muito úteis para o desenvolvimento da humanidade, constituem aspectos secundários e não fundamentais da vivência direta. Por consequência, consciência, ciência e tecnologia, ocupam apenas a camada mais superficial da ponta do gigantesco iceberg do universo inconsciente. Ao filtrar tudo pelo paradigma científico, estamos amputando do nosso conhecimento tudo aquilo que dá sustentação à história humanidade e da vida neste pequeno planeta.
Honrar o inconsciente e o instinto primitivo é fazer as pazes consigo mesmo em um nível em que a razão jamais alcançará por ser preconceituosa contra tudo aquilo que não se encaixa em seu preciosismo determinístico. Invertendo o sentido da seta da causalidade, a lógica mata a espontaneidade, enquadra tudo dentro do paradigma conhecido e ignora os fatos ocultos soterrados pelas teorias que restringem o sentido da vida à camada mais superficial de nossa história.
Seja inclusivo com as diferentes versões de si mesmo para se realizar como ser humano e abrace o seu inconsciente. As respostas para as indagações mais fundamentais de sua vida se encontram neste vasto domínio.
Marcio Cruz é terapeuta de regressão de memória formado pelo IMMTER - Instituto Mineiro de Medicina e Terapias e pós-graduando em Neurociências e Comportamento pela PUCRS. Saiba mais sobre Marcio Cruz na seção O Terapeuta. Terapia por Reintegração de Memórias - TRM Terapia alternativa na cidade de Jundiaí, SP.
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